Encerrando o processo de discussão pública sobre formatos e estratégias possíveis para a 3ª Bienal da Bahia, o MAM Discute Bienal recebeu o artista Marcondes Dourado, na manhã desta sexta-feira (29), para falar de seu trabalho e sua experiência à frente da Diretoria de Audiovisual da Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB).
O artista começou falando sobre sua relação com a arte da cidade na década de 90, o contato com a produção local e a influência inicial de Marepe. Sobre a experiência em bairros da periferia de Salvador, Marcondes Dourado citou o tempo em que trabalhou executando performances criadas por Sandra Del Carmen em bairros como Alto do Peru e Baixa do Caranguejo, onde realizava ações periódicas de intervenções urbanas, com influencias do teatro Butoh.
Na primeira temporada do MAM Discute Bienal, ocorrida de maio a agosto deste ano, os participantes debateram ideias e expectativas sobre a Bienal da Bahia. O projeto, que se encerrou com este encontro, discutiu em sua primeira temporada modelos e possíveis respostas ao formato bienal. Na segunda temporada, a proposta dos encontros foi abordar experiências realizadas no campo artístico que apresentam potencialidades úteis ao projeto curatorial da Bienal.
Por meio de seus trabalhos, Marcondes Dourado sempre se mostrou interessado nos acontecimentos e movimentos das ruas de Salvador: “Eu entendi que todos os meus trabalhos estão relacionados ao encontro, com parceiros, com o lugar que eu estou. É como se a arte fosse esse portal mágico, um pretexto para essas coisas aparecerem”, explica. Através de suas ações, o artista tenta criar uma relação real com circuitos que não são legitimados ou reconhecidos pelos dispositivos e pelos agentes da cultura estabelecida na Bahia: ”Eu adoro ficar sentado na rua, fazer dela minha sala de estar. O carnaval, para mim, é muito isso”, completa.
O trabalho para “chegar junto” na Diretoria de Audiovisual da FUNCEB (DIMAS) fez com que Marcondes dourado quisesse trabalhar para melhorar a relação da diretoria com escolas do entorno, o que aumentou o fluxo de alunos na programação educativa da Sala Walter da Silveira. Com o projeto Cinema Expandido, o espaço de projeção deixou de ser uma sala em si para ser a rua. Enquanto artistas convidados faziam ocupações na escadaria, o público podia assistir aos filmes que se projetavam na fachada do prédio.
Bienal
Com abertura marcada para o dia 29 de maio do ano que vem, a 3ª Bienal da Bahia contará com 100 dias de exposições e atividades educativas, que vão ocupar diferentes espaços culturais e sociais da capital e do interior do estado. O diretor do MAM-BA, Marcelo Rezende, e diretor geral da Bienal, ressalta que as exposições e atividades educativas estarão não só dos museus de Salvador e nos centros culturais do estado, mas também na Biblioteca Pública do Estado da Bahia, nas universidades e em outros locais expositivos, inclusive residências e espaços menos convencionais.
“O estado da Bahia decidiu recuperar uma história que foi interrompida em 68”, afirma Rezende, que participou da 28ª Bienal de São Paulo, em 2008, na criação da plataforma curatorial 28b. A Bahia espera há 46 anos para realizar uma nova bienal de artes. A primeira edição do evento foi aberta ao público em 1966, no Convento do Carmo. A segunda edição, de 1968, fechou após somente um dia em exibição.