A Universidade LIVRE de Teatro Vila Velha realizou na noite desta quarta-feira, 30, o Experimento 2.2 – Shakespeare em Lina, no Casarão do Museu de Arte Moderna da Bahia. Vestidos de branco, os participantes encenaram fragmentos de Hamlet e de Macbeth, de William Shakespeare, além de apresentarem textos de Lina Bo Bardi. O Experimento também abordou os 50 anos do Teatro Vila Velha, a participação na 3ª Bienal da Bahia e a ditadura militar.

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Foto: Marcos William

Durante a abertura, o diretor Márcio Meirelles reforçou que a LIVRE é integrante da 3ª Bienal da Bahia e convidou o curador-chefe da bienal e diretor do MAM-BA, Marcelo Rezende, para reencenar o convite feito por ele ao Teatro Vila Velha. “Se você não for a Bienal, a Bienal vai até você”, ressaltou Rezende durante a reprodução da proposta feita ao teatro. “Por que a Bienal fez o convite? A gente não convidou um grupo de teatro, a gente convidou um pensamento. Queremos trabalhar com o pensamento do Teatro Vila Velha. O pensamento é capaz de transformar o território e é isso que o Vila faz”, justificou o diretor.

Márcio Meireles e Marcelo Rezende falam sobre parceria na Bienal. Foto: Marcos William

Márcio Meirelles e Marcelo Rezende falam sobre parceria na Bienal. Foto: Marcos William

As bienais da Bahia são também parte da história de vida de Meirelles. “Estar participando desta Bienal é uma coisa histórica. Eu vi a primeira e segunda bienais. Sei como isso foi impactante e importante na minha vida”, afirmou. Ele destacou que a participação do Teatro Vila Velha só é possível devido à amplitude de propostas que a 3ª Bienal da Bahia traz para a Bahia, Brasil e mundo.

Shakespeare em Lina

O olhar desatento pode não notar a semelhança entre Lina Bo Bardi e William Shakespeare. Sobre a relação entre os dois artistas, Meirelles explicou que ambos eram muito políticos e transcenderam uma época. Estas características podem ser observadas em suas obras. “A escada projetada pela arquiteta também transcende a condição humana em vários níveis pela forma com que é produzida. É uma inovação, assim como Shakespeare inovava com suas peças. Ele pensa e repensa o poder, fala de uma ordem que é rompida, da restauração de uma nova ordem”.

Integrantes do Experimento 2.2 utilizaram a escada de Lina Bo Bardi como palco. Foto: Marcos William

Integrantes do Experimento 2.2 utilizaram a escada de Lina Bo Bardi como palco. Foto: Marcos William

Hamlet e Macbeth são obras trabalhadas pela LIVRE e ambas são relatos de golpes. O Golpe Militar brasileiro de 1964 também foi abordado no Experimento 2.2. “Este momento de repensar o Golpe é muito importante porque as coisas atualmente continuam como consequência desta ruptura”, explica Meirelles.

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Foto: Marcos William

O Experimento 2.2 encenou algumas discussões via Facebook sobre o Experimento 2.1, que foi ao ar via internet. Além disso, um texto de Lina Bo Bardi escrito após ter sido expulsa da Bahia também ganhou destaque.

“Eu estranhei porque foi a primeira vez que eu experimentei um teatro pós-moderno. O espetáculo traz temas atuais, assim como traça uma linha do tempo da ditadura com discursos de políticos, entre eles Kennedy, Jango e Vargas. Estou impressionada pela maneira como foi conduzido, com os atores caminhando por todo lados, encenações na escada e olhar atento do diretor”, comentou a espectadora Lorena Morgana, estudante de jornalismo.

*Colaborou Marcos William