MAM Discute Bienal 18

 

Continua o processo de conversas públicas iniciado em abril deste ano como preparação para a 3ª Bienal da Bahia, que acontece em 2014. Se na primeira temporada dos encontros os temas que propuseram discussões sobre modelos e possíveis respostas ao formato da mostra, na segunda temporada a proposta do MAM Discute Bienal é abordar experiências realizadas no campo artístico que apresentam potencialidades úteis ao projeto curatorial, apresentado pelo diretor do MAM-BA, Marcelo Rezende, e pelo artista Ayrson Heráclito no dia 6 de setembro.

A última edição do MAM Discute Bienal contou com a participação do artista Maxim Malhado, que compartilhou suas experiências como criador e realizador de um espaço expositivo que interferiu efetivamente na vida do vilarejo de Sítio Novo, onde o artista nasceu, no município de Catu. O espaço inaugurado por ele, a Galeria Esteio, foi criado em 1995 e chegou a levar em uma única exposição duzentos dos únicos dois mil habitantes do lugar.

 

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Recorte de jornal com matéria sobre a experiência da Galeria Esteio

Ao longo do encontro, Maxim citou e descreveu várias das ações realizadas na cidade, investidas que, segundo o diretor do MAM-BA e mediador do encontro, Marcelo Rezende, têm importância não só pelo seu valor estético, mas pelo caráter relacional e pela capacidade de operar ignorando conceitos estabelecidos pelo sistema da arte que muitas vezes limitam o alcance e o potencial dos trabalhos, como a ideia de sacralidade da obra ou o sentido de consagração de um artista.

“A Galeria Esteio e seu potencial não encontraram exatamente um fim. Algo continua na imaginação e pode ser reativada em algum momento”, explica o diretor, que citou o exemplo do trabalho realizado pelo artista e sua presença no cotidiano da cidade como uma inspiração para o modelo pensado para a 3ª Bienal da Bahia: “Acredito na promoção de vivo contato”, completa o diretor, citando o tema da 28ª Bienal de São Paulo.

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Para Maxim Malhado, que transformou em espaço expositivo a casa que o pai preparava para receber os convidados da festa de São João, a galeria sempre foi um espaço de promoção de diálogo e encontros: “Queria que a galeria fizesse parte da festa e fosse mais uma coisa pra gente se divertir”, explica.

Entre os trabalhos realizados pelo artista, está a revitalização das fachadas das casas que ficavam abandonadas em seu vilarejo depois que grande parte da população se mudou para lugares maiores em busca de oportunidades. Segundo o próprio, foi sua maneira de lutar contra a “desalmação do lugar”.

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Em sua galeria, Maxim convidou para exposições e conversas nomes proeminentes da cena das artes em Salvador, como Justinho Marinho, e junto com eles, no espaço da galeria, conviviam os artistas locais e pessoas não necessariamente ligadas ao mundo da arte, mas em cujas realizações o artista, premiado no Salão do MAM de 2001 e participante da 26ª Bienal de São Paulo, encontrava beleza e novos sentidos.

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Visitantes na Galeria Esteio

Ao final do encontro, o diretor avaliou a experiência do artista e ressalta sua importância para o pensamento sobre como deve ser 3ª Bienal da Bahia: “ É impressionante a capacidade do Maxim de envolver as pessoas e tornar isso uma experiência real para todas elas, pretendemos recuperar a história desse projeto.  Ele toca em campos que o material do museu não consegue alcançar, muitas vezes de memória emocional do território, no espaço de relações”. Ao passo que o artista, citando a inspiração nos projetos Hélio Oiticica, replica: “O museu é o mundo!”

 

Veja o que rolou no MAM Discute Bienal com Maxim Malhado: