Esculpir em madeira remonta a uma das técnicas mais antigas da humanidade e uma importante forma de expressão artística e cultural através dos tempos. Foi esculpindo que o homem criou lanças, rodas, abrigo e arte, desde a pré-história até os dias de hoje.
O ofício de entalhador – arte de trabalhar a madeira dando-lhe várias formas – revelou grandes nomes e artistas que encontraram nesta atividade sua própria arte. Jesuíno Campos de Oliveira, ou Zu Campos, é um destes artistas.
Nascido em Vitória da Conquista em 1939, o artista é citado nos livros Baía de Todos os Santos e Sumiço da Santa, ambos de Jorge Amado, e recebeu do escritor a alcunha de “escuro anjo baiano”. Zu faz parte da segunda geração de artistas modernos da Bahia, grupo que se forma a partir da década de 1960, e cuja maioria de seus componentes são oriundos pela Escola de Belas Artes da UFBA.
Zu aprendeu a arte do entalhe a partir da observação de artistas pernambucanos que recebeu em casa. Iniciou com a arte religiosa, devido ao fascínio que as imagens e objetos sacros lhe provocavam desde a época em que trabalhava no Museu de Arte Sacra. Autodidata, com uma chave de fenda amolada, fez seu primeiro trabalho e não parou mais. Logo no seu primeiro ano de produção, Zu foi convidado para expor na reinauguração do Teatro Castro Alves, em 1967, e participou da segunda edição da Bienal da Bahia, em 1968.
Já renomado como artista plástico, passou por grandes cidades brasileiras, entre elas Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba, época em que fortaleceu sua amizade com o poeta Vinicius de Moraes. Entretanto, somente quando voltou a Salvador foi que decidiu entrar na universidade. E garante que muito do que sabe, aprendeu lá.
Mesmo já sendo considerado professor naquela época, Zu Campos se tornou o grande mestre da arte de esculpir madeira quando ingressou no quadro de professores do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), onde atuou durante 27 anos, ensinando a uma média de 50 alunos por ano. Apesar de aposentado, continuou trabalhando em sua oficina, localizada na Rua Areal de Cima, no bairro do Dois de Julho, centro de Salvador.
De lá pra cá, já são mais de 50 anos de carreira e muitas obras produzidas e expostas em quase todo o País. Além da habilidade com os instrumentos como formão e goiva, um de seus maiores orgulhos foi ter tido como aprendizes muitos entalhadores e artistas contemporâneos.
Agora, com as Oficinas de Verão – que acontecem durante os meses de janeiro e fevereiro –, Zu Campos retorna ao MAM-BA para ensinar a técnica de entalhar e esculpir madeira. “Minha expectativa para o inicio do curso é a muita boa. É gratificante este retorno e eu estou muito feliz”, conta.
Com relação ao seu plano de aula, diz: “o tempo de confecção das peças varia de acordo com o ritmo do aluno mas, na primeira aula, já se aprende a entalhar e fazer relevos na madeira. Não é difícil de aprender, só depende da vontade e do empenho de cada um. O aluno tem de “parir” a escultura que está no bloco de madeira”, diz o veterano da arte.
As Oficinas de Verão do MAM-BA, cujas inscrições já estão encerradas, integram a programação educativa da mostra É Tropical, inclusive, em cartaz no Casarão do MAM-BA até 18 de março. A visitação é gratuita e acontece de terça a sexta-feira, das 13h às 18h.
Oficina de Escultura em Madeira, com Zu Campos
Onde: Galpão das Oficinas (MAM-BA)
Quando: segundas e quartas, das 8h30 às 12h
Informações: 3117-6141
1 comentário
Paul Van says:
Jan 12, 2014
O curso de escultura em madeira fez muita falta depois que Mestre Zu se aposentou. Boas-vindas, Mestre!