“Precisamos diferenciar duas coisas: a arte do fotógrafo e a fotografia do artista. Eu sou da arte do fotógrafo”. Foi com essas palavras que Rafael Martins, fotógrafo ministrante da oficina de fotografia oferecida pelo Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), finalizou na noite desta quarta-feira (13) as aulas que aconteceram entre os meses de setembro e novembro.
Envolvimento, prazer, arte, emoção e profundidade foram algumas das palavras escolhidas pelos alunos quando Rafael Martins perguntou o que é fotografia para eles. Segundo Ana Paula Albuquerque, uma das alunas da oficina de fotografia e integrante do Salvador Foto Clube, havia muito entrosamento entre Rafael e os alunos durante as aulas.
A turma de vinte alunos, que totalizou 48 horas de curso (4 horas por semana durante 3 meses), aprendeu de forma sistematizada processos criativos na confecção de aparelhagens fotográficas e produção de imagens digitais. O curso visou à produção de um trabalho final em fotografia e foi reservado àqueles que já possuíam as técnicas básicas.
O objetivo das oficinas foi apresentar o universo da fotografia através de suas raízes artesanais e discutir quais são suas possibilidades na técnica digital. Além disso, as aulas permitiram discussões sobre percursos históricos da fotografia e especulações futuras como uma plataforma cada vez mais presente em diversos campos do conhecimento. Os alunos selecionados no processo de inscrição já tinham noção básica de fotografia e também possuíam câmera DSLR, além de um tripé para uso em aula.
Na entrevista a seguir, Rafael Martins conta um pouco sobre a experiência com a oficina de fotografia:
MAM-BA: O que você achou desse projeto da oficina de fotografia oferecida pelo Museu de Arte Moderna da Bahia?
Rafael Martins: Eu fiquei honrado pelo convite do MAM-BA, porque para mim é uma referência em termos de instituição. Então, quando o projeto surgiu eu pensei em fazer um curso de fotografia que tentasse dar a cada um certa autonomia e certo poder de criar ensaios, criar narrativas. Minha preocupação era causar interesse autoral pela fotografia.
MAM-BA: Como foi o processo de criação durante as aulas?
Rafael Martins: O processo de criação das aulas foi pensado para unir a teoria e técnicas da fotografia com a prática. Quando elaborei o curso pensei em fazer aulas que não se limitassem a passar somente temas como exposição, obturação, balanço de branco etc. Eu queria passar isso junto com a “artesanalidade” da coisa, dizendo assim, ao fazer lightpainting, a câmera artesanal – um processo que aprendi com Rodrigo Wanderley –, a pinhole digital, além de ficar dentro de uma caixa escura. São coisas que ajudam a visualizar, na prática, aqueles ensinamentos que são um pouco abstratos.
MAM-BA: Como foi desenvolvido o produto final da oficina?
Rafael Martins: O produto final foi realizar um ensaio sobre um tema da escolha dos alunos, onde eles puderam usar, além das ferramentas que a gente aprendeu a fazer durante o curso, a câmera convencional. Houve a possibilidade deles apresentarem 6 a 12 fotos e escrever um pequeno parágrafo sobre o ensaio.
MAM-BA: Quais são seus próximos projetos?
Rafael Martins: O próximo grande trabalho é a exposição Photografo Ergo Sum (Fotografo, Logo Existo), que abre na próxima quarta-feira, dia 20 de novembro, na Galeria Pierre Verger, Biblioteca Pública dos Barris. Tem também o trabalho Alumiar, no sertão baiano, que foi feito em três viagens que já fiz para Queimadas, Canudos e a última, em outubro, para Raso da Catarina, região próxima a Paulo Afonso. Todas na Bahia! É um trabalho que vai tratar da relação do homem com a seca. Além disso, tem o projeto Em Foco, com vocês do MAM-BA, que é um projeto que está acontecendo em parceria com a Ufba e que pretende criar espaços de discussões sobre fotografia que fomentem mais interesse por essa área.
Veja mais fotos da oficina de fotografia acessando o Flickr: http://www.flickr.com/photos/mambahiafotografia