Como criar animais pré-históricos sem nunca tê-los vistos? Como não se deixar levar pela imaginação e criatividade e não fugir muito da aparência real que esses animais deviam ter? Mesclando arte e conhecimento acadêmico, os ilustradores científicos fazem esse trabalho e dão vida a animais pré-históricos, tentando deixar um pouco de lado a imaginação e inventividade, mas não muito. Apesar de terem de produzir imagens impecáveis tecnicamente, há ainda o interesse em desenvolver ilustrações atraentes para o público geral, fazendo com que não apenas o conhecimento científico seja válido, como também a criatividade. O ilustrador Felipe Elias, que é também biólogo, afirma que o processo é ”muitas vezes longo e cansativo, mas ver o resultado final é muito gratificante”.

Para trazer dinossauros e animais pré-históricos de volta à vida, é necessário um mergulho em produções acadêmicas que descrevem as espécies e seus similares. Felipe Elias, que trabalha no Museu de Zoologia da USP, explica que ”o ideal é que haja contato com o fóssil. Ver de perto permite perceber vários detalhes importantes na hora de criar a imagem”. Embora os ossos fossilizados deem um indicativo da estrutura do animal, detalhes como cores, pele e penas são complexos para serem reproduzidos. Para se aproximarem o máximo possível da aparência real do animal, os cientistas buscam características de espécies semelhantes, como no caso de galinhas e outras aves, que possuem estruturas semelhantes a dos dinossauros.

Nos últimos anos, a tecnologia avançou a tal ponto que, quando os fósseis preservam tecidos moles, é possível empregar técnicas que identificam sua cor, o que melhora a fidelidade do desenho. Em 2010, por exemplo, o pequeno dinossauro Anchiornis huxleyi obteve uma reestruturação em seu desenho oficial.

Quem quiser seguir a carreira de ilustrador científico deve saber que ser formado na área científica é um diferencial, mas que isso não é obrigatório, afinal, muitos artistas consagrados na profissão são graduados em artes, computação e profissões afins. Segundo Elias, ”no Brasil não há cursos longos específicos de arte paleontológica. Muito se aprende na prática e no contato com outros artistas.”

Fonte: Folha