Isaías de Carvalho Neto | Foto por Lara Carvalho

Isaías de Carvalho Neto | Foto por Lara Carvalho

O Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA) sedia o lançamento da nova edição do livro Memória Urbana: poética para uma cidade, do arquiteto e professor Isaías de Carvalho Santos Neto. O evento faz parte da programação educativa da mostra Esquizópolis e acontece no dia 9 de julho, às 19h, com entrada gratuita.

Foi em 1993 que Isaías Neto criou o conceito de Esquizópolis – um comentário crítico e fluido sobre os processos de crescimento urbano e desenvolvimento social de Salvador. Nesta época, a palavra se mostrava imprecisa, apta a descrever o cenário da capital baiana surgido a partir dos planos de desenvolvimento urbano implantados durante décadas. Entretanto, de acordo com seu criador, Esquizópolis revela uma condição sensorial para além desse recorte histórico, porque integra o imaginário baiano e suas expectativas em relação ao futuro.

O livro Memória Urbana, fundamentado nos registros da memória de Isaías Neto, faz um percurso na história da primeira capital do Brasil, focando a Salvador do século passado, notadamente entre os anos 1910 e 1970, quando é vista de forma crítica e com seus equívocos, e cujo resultado é “outra cidade, outra estrutura e outra dinâmica”. Esta obra é formada por dez capítulos, reunidos em cinco partes que se articulam para levar o leitor a imaginar (ou relembrar) o tempo dos bondes nas ruas e quando o Centro era uma referência viva.

Apesar de ser baseada em lembranças do autor, de suas observações profissionais e do olhar sentimental sobre a cidade, a obra não é uma biografia, nem tampouco saudosista. A vida dele é um pretexto para falar sobre a cidade construída coletivamente, que praticamente teve sua população quadruplicada em quatro décadas, de forma desordenada, sem planejamento urbano, ambiental e de mobilidade urbana.

“Destaco os anos 1920 e 1930, com as primeiras intervenções em busca de um esboço de reforma urbana. Além destes, os anos 1950 também se mostram como divisores de água, com os seguintes tópicos: o desfile dos 400 anos da cidade; a prefeitura se tornando autônoma em relação ao governo estadual; a fundação da Universidade da Bahia e a sua ajuda na promoção de uma revolução cultural. É nesse ponto que está a nossa modernidade, e não nos anos 1960 e 1970, que produziram resultados opostos”, explica o autor, que levou dois anos e meio para produzir a sua obra.

O uso da primeira pessoa em toda narrativa é um recurso que Isaías utiliza para não repetir o que já foi escrito. “A condição de narrador permite que eu possa intercalar comentários. Para a cidade que conheço, continuo escrevendo na condição de observador, para dar coerência ao texto e para manter a possibilidade de comentários adicionais”, destaca o soteropolitano.

Sobre o autor - Isaías de Carvalho Santos Neto é arquiteto, graduado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde lecionou por 20 anos. É mestre em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA e doutor em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP). Integrou, por cerca de dez anos, o quadro de docentes da Escola de Administração da UFBA. Atualmente, é professor aposentado da Universidade.

Lançamento do livro “Memória Urbana”, de Isaías de Carvalho Santos Neto
Onde: Galeria 1 do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA)
Quando: 9 de julho (terça-feira)
Horário: 19h
Entrada Gratuita

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