Como parte das comemorações do centenário de Jorge Amado, o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA) homenageia o escritor baiano com a exposição Jorge Amado e Universal. A mostra ocupa o térreo do Casarão, a Capela e a Galeria 1 do MAM-BA com fotografias, objetos, folhetos de cordel, filmes e imagens, cuja maioria é inédita para o público. A visitação de Jorge Amado e Universal é gratuita e acontece de 10 de agosto a 14 de outubro, de terça a sexta, das 13h às 19h, e sábados, domingos e feriados, das 14h às 19h.


“Essa exposição é um desafio prazeroso de cumprir, tendo em vista a importância e alcance do homenageado e de sua obra. Buscamos elementos para que o público mergulhe em um vasto repertório de conteúdos sobre o homem, o escritor e a obra”, relata William Nacked, diretor-geral de Jorge Amado e Universal. “O público no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, já ultrapassou 130 mil pessoas. Tenho certeza que em sua terra Jorge Amado vai fazer ainda mais sucesso.”

Para a diretora do MAM-BA, Stella Carrozzo, “esta mostra apresentada ao povo baiano – personagem principal da obra de Jorge Amado – no conjunto arquitetônico Solar do Unhão do século 17, sede do MAM-BA, potencializa ao público visitante a experiência e entendimento do caráter histórico, social e antropológico de sua obra”.

A exposição é dividida em módulos distintos, cada um deles dedicado a um aspecto marcante na vida do autor. “Não tivemos a pretensão de esgotar nem a biografia, nem a criação ficcional de Jorge Amado. A ideia é fornecer pistas, sugerir caminhos, para que o visitante fique instigado, tenha vontade de ler e de descobrir mais depois da exposição”, informa Nacked.

A mostra se completa com extensa programação educativa desenvolvida pelo Núcleo de Arte e Educação do MAM-BA, oferecida a diferentes públicos durante os três meses de exposição. Confira a programação completa aqui.

A realização de Jorge Amado e Universal é da Grapiúna e da Fundação Casa de Jorge Amado, em parceria com a SecultBA, através da Diretoria de Museus do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (DIMUS/IPAC) e do Museu de Arte Moderna da Bahia. O patrocínio é do Banco Santander, da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, da Secretaria da Fazenda, do Governo da Bahia, através do Fazcultura, e do Ministério da Cultura, através da Lei Rouanet. O apoio cultural é da Braskem.

Desenvolvimento e organização são da N&A Mercado Cultural e AMCCB – Associação de Museus e Casas de Cultura do Brasil. A direção geral é de William Nacked; Ana Helena Curti responde pela direção de produção e Daniela Thomas e Felipe Tassara pela expografia.

Sobre a exposição

O primeiro módulo é dedicado aos personagens – dentre mais de mil nomes, nove foram escolhidos por representar a diversidade e abrangência da obra em diversos períodos: Gabriela e Nacib (Gabriela Cravo e Canela, 1958), Dona Flor (Dona Flor e seus Dois Maridos, 1966), Os capitães da areia (Capitães da Areia, 1937), Pedro Arcanjo (Tenda dos Milagres, 1969), Antonio Balduíno (Jubiabá, 1935), Guma e Lívia (Mar Morto, 1936), O Menino Grapiúna (O Menino Grapiúna, 1981), Santa Bárbara (O Sumiço da Santa, 1988) e Quincas (A Morte e a Morte de Quincas Berro d’Água, 1961).


Eles têm destaque em materiais audiovisuais que ajudam a contextualizar os personagens e os livros. São datiloscritos com correções feitas à mão por Jorge Amado, ilustrações das obras, fotos que remetem ao universo dos romances e algumas curiosidades, como produtos e restaurantes que levam nomes dos personagens. Cada monitor terá também um trecho locutado da obra em questão.

No mesmo módulo, uma instalação passa a ideia da verdadeira multidão de personagens principais e figurantes criados: milhares de fitas similares à tradicional do Senhor do Bonfim afixadas trazem nomes de outros cem personagens – sejam fictícios, como Tieta (de Tieta do Agreste), Florzinha (de Tocaia Grande) e Ana Mercedes (de Tenda dos Milagres); ou reais que Jorge Amado inseria na ficção, como Getúlio Vargas, Hitler e Lampião.

O segundo espaço apresenta a faceta política do autor, que chegou a ser eleito Deputado Federal por São Paulo e era comunista. O terceiro discute as misturas que, segundo Jorge Amado, caracterizam o Brasil – sobretudo a miscigenação e o sincretismo religioso.


Outro módulo é dedicado à malandragem e à sensualidade presentes em sua obra. Em seguida, uma seção apresenta a Bahia tal como foi ‘(re)inventada’ por Jorge Amado, com suas belezas e suas mazelas.

Há ainda espaço para depoimentos de amigos, artistas e críticos, para uma cronologia sintética da vida do escritor e para destacar sua presença internacional, entre outros aspectos. Entre os depoimentos, falas de amigos ilustres e anônimos de Jorge Amado, pois essa era uma de suas marcas – a capacidade de transitar entre o universo erudito e o popular, entre o terreiro de candomblé e a Sorbonne.

Os áudios e vídeos mostram também a esposa Zélia Gattai e a filha Paloma Amado contando sobre o processo de criação de Jorge, explicando que os personagens mandavam nele – em Dona Flor, o autor pretendia que ela fosse embora com Vadinho, mas a protagonista decidiu ficar com os dois maridos aqui na Terra. Outro destaque é o próprio Jorge Amado contando que, no curto período em que foi Deputado Federal, em 1946, conseguiu aprovar lei que garante a liberdade de culto no Brasil.


Na área dedicada ao alcance internacional, o objetivo é dimensionar para o público a imensidão de Jorge Amado no mundo com a exibição de livros publicados em diversos países – de uma capa finlandesa de Tocaia Grande a uma edição de bolso francesa de Dona Flor.

Jorge e a mãe, Dona Lalu

O espaço expositivo foi concebido a partir da utilização de símbolos presentes não só na cultura baiana, mas, sobretudo, na vida e obra de Jorge Amado. A cenografia está estruturada em armações metálicas, numa referência indireta às grades de ferro que embelezam muitas casas e espaços públicos de Salvador – entre eles o Solar do Unhão e a Praça Castro Alves.

Nessa estrutura estão inseridos símbolos e objetos em sua forma original, como garrafas de dendê, fitinhas do Bonfim com frases especiais impressas, cacau torrado, azulejos brancos e azuis à moda baiana, entre outros elementos que remetem a Jorge Amado e à Bahia. Fotografias, objetos, folhetos de cordel, filmes, jornais históricos, charges, documentos, ilustrações, correspondências, depoimentos, objetos de uso pessoal entre outros elementos, estarão presentes.

Entre eles, foto captada por Zélia Gattai de Jorge Amado com sua mãe Eulália Leal Amado, a Dona Lalu; datiloscrito original de Tieta do Agreste com anotações do autor; ilustração do artista plástico Poty (Napoleon Potyguara Lazzarotto) para Capitães da Areia; camisas floridas características de Jorge Amado.

“Propomos um diálogo entre cultura material e cultura digital, havendo a convivência de peças originais com linguagens fílmicas e reproduções”, conta Ana Helena Curti.

Exposição Jorge Amado e Universal
Visitação: 10 de agosto a 14 de outubro
Local: Casarão, Capela e Galeria 1 do MAM-BA
Horários: terça a sexta, das 13h às 19h, e aos sábados, domingos e feriados, das 14h às 19h
Entrada gratuita
Endereço: Museu de Arte Moderna da Bahia – MAM-BA, Av. Contorno, s/n, Solar do Unhão, Salvador, Bahia
Informações: (71) 3117 6139