A arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi será homenageada nesta quarta-feira, 30, às 18h, no Casarão do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), com o Experimento 2.2 - Shakespeare em Lina. Esta é a segunda ação conjunta da Universidade LIVRE do Teatro Vila Velha com a 3ª Bienal da Bahia. A entrada é gratuita, com limite de 300 pessoas – capacidade máxima do Casarão.
O grupo da LIVRE encenará a peça Hamlet de William Shakespeare (1564-1616) e utilizará como palco a escada de Lina Bo Bardi – que também é autora de outras intervenções na capital baiana, como a reurbanização da Ladeira da Misericórdia, o Teatro Gregório de Mattos, na Praça Castro Alves e a Casa do Benin, no Pelourinho. Além disto, o experimento contempla os 50 anos do Vila – comemorados em 2014 – e a 3ª Bienal da Bahia, que rememora as bienais baianas de 1966 e 1968, esta última interrompida pela ditadura civil e militar, com o confisco de obras de arte e prisão de artistas.
Para o diretor artístico do Teatro Vila Velha, Márcio Meirelles, a comemoração dos 50 anos do Vila provocou a reflexão das memórias do teatro, “da mesma forma como faz a 3ª Bienal da Bahia agora, reencenando as memórias das outras duas bienais (1966 e 1968)”.
Experimentos
Como forma de incluir o público no seu processo de criação, a LIVRE apresenta, a cada mês, um Experimento. Neles estão cenas em processo que servem como pesquisa e experimentação para a montagem dos espetáculos. Ao longo de 2013, foram realizados seis Experimentos, todos baseados na obra Frankenstein, de Mary Shelley, que estreou em fevereiro de 2014. O Experimento 2.1 aconteceu no dia 16/04 e foi exibido em tempo real pela TV Vila (www.teatrovilavelha.com.br).
Assim como a 3ª Bienal da Bahia, a LIVRE é um processo de pesquisa, ações e encontros contínuos. O diretor Martin Domecq explica o que é o Experimento da LIVRE:
“Durante o experimento, o que se mostra é um trabalho em processo, não uma peça acabada. É um processo de busca, de pesquisa, que vem sendo feito ao longo de um mês de trabalho. Todos os atores estão o tempo todo no palco e sempre há um componente musical, rítmico. Há também um momento onde se escuta a voz dos participantes sobre alguma questão que está próxima de nós, como aconteceu no experimento em que se falou sobre o Movimento Passe Livre. Há, ainda, um espaço de diálogo com o público, quando se abre o microfone e o público pode responder, falar, questionar.”
Sobre a LIVRE
Criada em fevereiro de 2013, a Universidade LIVRE de Teatro Vila Velha é um resumo de tudo o que o Teatro Vila Velha foi e é até hoje: um espaço de experimentação, formação artística e constante diálogo com a sociedade. A LIVRE se conecta com as ideias do artista visual e ativista político-cultural alemão Joseph Beuys (1921-1986), do diretor teatral Zé Celso Martinez (Teatro Oficina) e de outros artistas e coletivos que pensam a arte como ferramenta política de transformação.
A partir do programa de formação em artes cênicas da Universidade LIVRE, o Vila se reinventa continuamente, deslocando a construção dos processos artísticos para lugares em que os integrantes do grupo exercem plena e conscientemente toda a autonomia criativa e de gestão. Essa consciência se instala por meio de ações multidisciplinares, transversais e poéticas, nos quais os participantes entram em contato com conhecimentos de iluminação, sonorização, cenografia, figurino, produção, administração, comunicação e muitos outros que tenham o objetivo de construção de um saber pleno sobre a função de todos os atores e componentes estéticos envolvidos neste sistema. Cada participante da Universidade passa necessariamente por todos os setores do teatro. Para a LIVRE, a formação do ator não está apenas no palco.
Os participantes da LIVRE realizam encontros de segunda a sábado, quando, além dos ensaios, são realizados trabalhos de corpo, percussão, capoeira, música, canto, dança, gestão colaborativa, dramaturgia, tecnologias, audiovisual e yoga, sempre voltados para o trabalho de ator. A LIVRE realiza, ainda, cursos de extensão para os seus participantes, como as oficinas de maquiagem cênica, de iluminação e de construção de berimbaus e alfaias, instrumentos que são incorporados pelos espetáculos e experimentos do programa.
Além dos cursos de extensão, a LIVRE realiza oficinas e encontros com profissionais de artes de diversas áreas, possibilitando uma troca de conhecimento que extrapola os limites do estado e país. A Universidade LIVRE de Teatro Vila Velha tem coordenação de Márcio Meirelles e a colaboração de Martin Domeq, Bertho Filho (preparação de ator), Tadashi Endo (dança contemporânea japonesa Butoh) Anita Bueno (yoga), Ridson Reis (percussão), Cristina Castro (preparação corporal), Leno Sacramento (capoeira), o ator Cacá Carvalho, o músico de Theatre de Soleil, Jean-Jacques Lemêtre, a diretora e iluminadora Fernanda Paquelet, o ator do LUME Carlos Simioni, Cibele Forjaz (dramaturgia colaborativa), a atriz Sonia Robatto, a diretora Chica Carelli, o dramaturgo Hayaldo Copque, o ator e diretor Vinicius Piedade, entre outros profissionais.
A LIVRE tem em seu currículo os espetáculos Por que Hécuba e Frankenstein, além de Espelho para Cegos, co-produção com a Cia Teatro dos Novos, que esteve em cartaz em 2013 e participou em 2014 do Festival Verão Contemporânea, em Belo Horizonte, e da mostra oficial do Festival de Curitiba.
Moeda Social
Junto à criação da LIVRE, o Vila entra no ambiente de Economia Solidária, através da moeda social “tempo”. O “tempo” serve como alternativa e complemento à moeda Real. Desse modo, o trabalho, bem como serviços oferecidos pelo Vila, como aluguel de pauta, passam a poder ser negociados a partir de uma nova lógica, que valoriza o tempo de trabalho. Participantes da LIVRE, por exemplo, pagam parte da mensalidade em dinheiro e parte em “tempo”, através de funções desempenhadas nas diversas áreas do teatro, como comunicação, técnica, bilheteria, produção, entre outras. O fluxo de “tempos” é administrado através da plataforma colaborativa Corais (www.corais.org/livre), implementada no Teatro Vila Velha com a consultoria do produtor cultural Pedro Jatobá.