Uma obra que modifica o espaço onde se instala, questionando o tempo e a relação do espectador com a própria obra. Esta é No Ar, instalação da artista visual paulista Laura Vinci, que chega ao Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA) no dia 14 de dezembro e fica em cartaz até 17 de março de 2013. Esta é a primeira vez que a sua produção – que ganhou destaque na arte contemporânea brasileira a partir da mostra Arte Cidade 3 (1997), em São Paulo – é exposta no Norte-Nordeste.
A artista apresenta duas obras na Capela do MAM-BA. Além de No Ar, que dá nome à exposição, a inédita Diurna foi produzida especialmente para o espaço. “O MAM-BA encerra seu programa expositivo do ano de 2012 com a mostra de uma das mais destacadas artistas brasileiras na atualidade”, afirma a diretora do museu Stella Carrozzo. A mostra tem co-realização da Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB) e fica aberta à visitação de terça a sexta, das 13h às 19h, e sábados, domingos e feriados, das 14h às 19h. A entrada é gratuita.
Para a coordenadora de Literatura da FUNCEB, Milena Britto, “as duas obras de Laura presentes nesta exposição aproximam a poesia das artes visuais. Não em traduções de sentimentos ou ilustrações simbólicas, mas com a proposta de atrair o olhar para a contemplação das transformações que os elementos passam ao se instaurarem no mundo como seres vivos”.
Laura Vinci nasceu em 1962, em São Paulo, e já realizou diversas exposições individuais. Entre as mais recentes, estão: Clara-Clara (2012) e No Ar (2011) – ambas em São Paulo – e Laura Vinci (2010), em Lisboa, Portugal. Participou da 26ª Bienal de São Paulo (2004); de três edições da Bienal do Mercosul, em Porto Alegre (1999, 2005 e 2009); e da 10ª Bienal Internacional de Cuenca, Equador (2009).
Nos últimos anos, a artista integrou as mostras coletivas Instável (2012), Beuys e Bem Além, Ensinar como Arte (2011) e Intempéries – O Fim do Tempo (2009), sendo as três em São Paulo, além de Cantiere Arte Ambientale, em Pádua, Itália (2010). As obras de Laura Vinci estão presentes em acervos como os da Pinacoteca do Estado de São Paulo, do Inhotim – Instituto de Arte Contemporânea, em Brumadinho; do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e do Palazzo delle Papesse, em Siena, Itália.
“Estados” (2002), “Warm White” (2004), “Máquina do mundo” (2005), “Ainda Viva” (2007) e “No ar” (2010) são obras emblemáticas em sua trajetória recente. Segundo a crítica Taisa Palhares, “em todas elas, a artista opera a partir da manipulação de elementos naturais como a água, o vapor, o gelo, a areia, o vidro ou o mármore, a fim de sugerir a capacidade natural de transformação”.
No Ar – A obra propõe ao público uma reflexão sobre a transformação e a passagem do tempo. “No caso da Capela do MAM-BA, o sentido do trabalho vai ser afetado pelo lugar, que é muito específico e guarda as características originais da arquitetura colonial na sua estrutura. Esta é uma diferença grande em relação à montagem que foi feita em São Paulo, na galeria Nara Roesler, no ano passado”, afirma Laura.
A primeira montagem de No Ar contava com uma cortina metálica na porta da entrada, impedindo a visão da sala para quem estava do lado de fora dela. “Na Capela do MAM-BA a porta vai ficar aberta e as pessoas poderão ver a sala do lado de fora. Resolvi fazer diferente porque o espaço já tem uma atmosfera contemplativa e silenciosa”, diz a artista.
Obra inédita – Também na Capela, edificação que data do fim do século 17, Laura fará a inédita obra Diurna, na qual o texto e a passagem da luz falam poeticamente sobre a ação do tempo. Através das janelas da Capela, que permanecem sempre abertas, o público poderá acompanhar os desenhos de luz refletidos no espaço, enquanto leem o texto gravado na parede que comenta essa situação. “O texto quer tratar da situação espacial da Capela em relação ao movimento do sol, sua relação física com uma arquitetura implantada naquela posição, sua relação com o poente, com o tempo do dia que penetra o espaço, e nossa relação com esse espaço”, informa Laura.
O texto está nos trabalhos de Laura desde 2002, quando expôs na mostra Estados, no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo. “Eu gosto de brincar que escrevo por metro. Dependo do espaço. O texto tem que se ajustar nessa métrica”, conta a artista.
Milena Britto observa que “as duas obras de Laura presentes nessa exposição, No Ar e Diurna, aproximam a poesia das artes visuais”.
A mostra fica em cartaz até 17 de março no MAM-BA, mês em que a artista lança seu livro, Laura Vinci, pela editora Cosac Naify, em Salvador. A publicação reúne sua produção artística de 1997 a 2012, com entrevista inédita, ensaios críticos e descrições dos trabalhos produzidos pela artista.
Conversa com a artista – No dia 15 de dezembro, Laura Vinci fala sobre a sua produção artística e seus processos de criação durante a Conversa com a Artista, evento aberto ao público que acontece no Cinema do MAM-BA, às 11h. A entrada é gratuita.
Exposição No Ar, de Laura Vinci
Visitação: até 17 de março de 2013, de terça a sexta, das 13h às 19h, e sábados, domingos e feriados, das 14h às 19h
Local: Capela do MAM-BA
Gratuito
Informações: (71) 3117-6141
Endereço: Museu de Arte Moderna da Bahia – MAM-BA, Av. Contorno, s/n, Solar do Unhão, Salvador