O Museu de Arte Moderna da Bahia, em parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA), deu início nesta segunda-feira, 12, ao projeto Cursos Livres, realizado no auditório Nilda Spencer, do Conselho Estadual de Cultura. A aula inaugural do projeto fez parte do minicurso Promoção da saúde e o combate ao machismo, ao racismo e à homofobia, ministrado pelos professores Lana Bleicher, da Faculdade de Odontologia, e Jair Batista da Silva, da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, ambos da UFBA.
Para Lana Bleicher, a expectativa para o curso é a mais positiva possível. “Considero que o maior desafio neste curso é articular os temas machismo, homofobia e racismo ao contexto das relações na área da saúde”, pontua a professora.
O participante Adriano Pereira, que é professor de História da rede estadual de ensino, diz que procurou o curso pelo destaque da ementa. “São temas atuais que estão em pauta nas agendas políticas, assim como diversidade, pensamento complexo e transdisciplinaridade. Para mim, é importante trabalhar estes temas e discuti-los, para saber transmitir, por exemplo, aos meus alunos em sala de aula”, explica.
Com um público bastante diversificado, formado por estudantes, professores e profissionais de diversas áreas, os Cursos Livres visam discutir questões da contemporaneidade, transversalizando as relações entre o pensamento universitário e a prática do desenvolvimento social. Com a provocação “Como ser feliz no século 21?”, as aulas foram planejadas para mesclar textos atuais, jornalísticos e teóricos, leituras e discussões em grupo e exposição das opiniões.
Para o professor Jair Batista, ser feliz neste século, requer um horizonte utópico de reflexão, “não no sentido negativo de idealização, mas pela necessidade de se reinventar projetos políticos e práticas que contribuam para o combate das desigualdades sócio-econômicas, mudanças de padrões culturais e acesso do bem estar social a todos”.
Inspiração internacional – Os cursos livres do MAM-BA foram inspirados em dois projetos europeus: a Universidade Livre, da Alemanha, e a Universidade de Todos os Saberes, criado pelo governo francês.
A Universidade Livre de Berlim é uma das mais prestigiadas da Alemanha e da Europa continental. Conhecida como “FU Berlin” foi fundada por estudantes e acadêmicos como uma resposta à perseguição de estudantes críticos do sistema soviético. Estes acadêmicos pretendiam estudar e pesquisar em uma universidade livre de influência política.
Já a Universidade de Todos os Saberes (L’Université de Touslessavoirs – UTLS) foi um audacioso projeto cultural iniciado em Paris no dia 1º de janeiro de 2000. A ideia contou com uma forte adesão do público, que fazia fila diariamente para as aulas públicas no Museu de Artes e Ofícios (Musée des Arts et Métiers).
Iniciativa de Jean-Jacques Aillagon, o projeto da universidade foi realizado sob a direção do filósofo Yves Michaud. Criada com colaboração de órgãos privados e estatais reunidos sob o título de Missão 2000, o objetivo era ensinar, gratuitamente, todos que quisessem aprender de tudo, oferecendo uma aula de uma hora e meia, durante todos os dias do ano.
O curso foi prestigiado por um público bastante heterogêneo desde seu primeiro dia, quando o pesquisador François Jacob, Prêmio Nobel de Medicina em 1965, ministrou a aula “Que é a vida?”. Os professores, grandes personalidades do mundo francófono científico, intelectual, cultural e econômico, respondiam a diversas perguntas dos participantes ao final de cada exposição.