Na próxima aula do curso de Formação de Mediadores, programada para este sábado, 22, o escritor Durval Muniz lança três livros que abordam, em diferentes aspectos, o folclore e a cultura popular do Nordeste.
O lançamento está previsto para acontecer logo após a palestra de Durval no evento, intitulada A Invenção do Nordeste. Assim, o lançamento dos livros está programado para as 18h, na área externa da Faculdade de Arquitetura da UFBA, e é aberto ao público.
Conheça um pouco mais sobre as obras:
O Morto Vestido para um Ato Inaugural
Durval Muniz
Este livro, interessado nos procedimentos de fabricação do folclore eda cultura popular, traz uma extensa pesquisa que assinala as diversasformas de constrangimento para obtenção – e mesmo de indução –das poesias e cantorias, detalhando situações em que estas foramrecolhidas, e, especialmente, analisando os processos de transmissão,desde a produção à recepção.Como historiador, Durval Albuquerque tem escrito diversos e importantes trabalhos no campo da teoria da história que são referênciasimportantes à historiografia brasileira. No caso específico deste novolivro, dedica-se a uma sociologia dos textos para estudar aquelesque são anunciados como consagrados à “cultura popular”. Assinala, sobretudo, a passagem do registro oral ao escrito, pontuando astransformações das expressões culturais dos agentes identificados comodas camadas populares, seus versos, suas poesias, suas cantorias, emtextos selecionados, classificados, catalogados. Em suma, na complexarelação entre a escrita e a oralidade, questiona as divisões que separama produção semiótica das camadas não letradas das práticas de registromateriais e formas de circulação impostas pelos letrados, detendo-see analisando as diversas apropriações dos chamados folcloristas e dosespecialistas da cultura popularO seu estilo, marcado por uma escrita que brilha como uma lâmina, atuapara pensar a produção do conhecimento como parte do combate quedesloca postos amplamente estabelecidos na história a m de reencontrardiferentes caminhos que tornam possível o pensamento crítico.
(Retirado do Prefácio de Regina Guimarães)
Nordestino: Invenção do ‘‘falo’’
Durval Muniz
Este livro foi escrito antes do sucesso internacional alcançado pelas coleções sobre a história da virilidade no Ocidente. Sua primeira publicação, em 2003, veio não apenas cobrir uma lacuna historiográfica mas ampliar o campo de perguntas sobre a cultura e a sociedade brasileiras. Fruto de uma rigorosa e detalhada pesquisa, “Nordestino: invenção do falo” coloca a nu um problema cujas dimensões ultrapassam a história do sexo masculino, atravessam as relações de gênero e as discriminações entre as classes sociais para atingir o cerne da formação dos donos do poder no Brasil.Atento às violentas disputas voltadas a transformar o poder em bem privado, o autor não poupa esforço: esmiúça obras clássicas e jornais pouco conhecidos, questiona a antropologia, a sociologia e a história, indaga sobre a moda, a religião e a ciência para, progressivamente, descobrir como foi possível inventar o macho nordestino e, ainda, transformá-lo numa realidade natural, um destino, uma condição e um fardo. Durval Muniz Albuquerque Júnior considera-o uma questão, mesmo quando ele teima em ser resposta, dever e aptidão. Vai fazê-lo falar, lá onde ele se cala e teme ser investigado.
( Retirado do prefácio de Denise Bernuzzi de Sant’Anna)
A Feira dos Mitos
Durval Muniz
Alguns livros de história se voltam para o passado com a intenção de descobrir “o que exatamente aconteceu”. Suas páginas se pretendem janelas através das quais o leitor seria transportado ao tempo dos mortos, quem sabe assim aplacando a angústia de sua própria finitude. Obcecada em ser mestra, essa escrita cultiva a ilusão da verdade e tenta explicar o presente como resultado lógico do encadeamento de fatos e processos. Outras obras de história se dirigem predominantemente ao futuro, desejosas de ditar diretrizes de ação. Anseiam saber de antemão o que ocorrerá, ou definir o que deverá acontecer.
Para nossa alegria, há livros de história escritos para o presente. Anunciam em viva voz que sua matéria é a vida e os homens presentes. Assumindo-se como prática de seu tempo, não cogitam ocultar suas condições de produção ou seu lugar social. Antes, têm ganas de explicitá-los, apesar de saberem da impossibilidade de discursos plenos. Constroem-se como estratégia, movimentam-se como peça de jogo nos enfrentamentos do devir social-histórico. Para além de tentarem alcançar supostas verdades do passado ou iluminações do futuro, trazem a marca da necessidade gestada nos desafios contemporâneos mais decisivos. A feira dos mitos: a fabricação do folclore e da cultura popular (Nordeste, 1920-1930), de Durval Muniz de Albuquerque Junior, que o leitor tem em mãos, é uma dessas obras.
(Retirado do prefácio de Regina Horta Duarte)
Lançamento de obras de Durval Muniz
Quando: 22 de março, às 18h
Onde: Área externa da Faculdade de Arquitetura da UFBA
Gratuito
Mais informações: 3116-6141