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Marcelo Rezende e Luis Berríos-Negron em conversa no MAM Discute Bienal desta sexta-feira | Foto por Thiago Felix

A nova temporada do projeto MAM Discute Bienal começou nesta sexta-feira, 20, na Sala Walter da Silveira, abordando as relações entre arte, design e ativismo político-sustentável. O encontro aconteceu na Biblioteca Pública do Estado da Bahia e contou com a presença do artista Luis Berríos-Negrón, que partiu da história e da natureza limítrofe do seu trabalho para chegar ao tema geral deste primeiro encontro do MAM Discute Bienal: “O que é origem?”

Em sua conversa com o público - mediada pelo diretor do MAM-BA, Marcelo Rezende – inicialmente, o artista/arquiteto falou sobre sua origem multiétnica e da vida na cidade de San Juan, em Porto Rico. Depois, Berríos-Negrón contou um pouco sobre sua formação acadêmica, sobre sua mudança para Berlim (Alemanha) e sua relação com o circuito de arte. Além disso, o artista registrou como foi sua passagem pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e pela Parsons School of Design, onde estudou design.

 

Confira o vídeo do MAM Discute Bienal 

Explorando artifícios das artes visuais, economias de material, como também customização em massa, Luis Berríos-Negrón se tornou autor de diversas peças arquitetônicas que provocam o público pelo seu aspecto híbrido, envolvendo questões sobre tecnologia, geopolítica e arte.

Ao ser perguntado sobre até que ponto ser porto-riquenho lhe identifica enquanto artista, ele disse: “Para mim, minha identidade porto-riquenha é passada na ideia de uma noção política no meu trabalho artístico. A agenda política é muito pronunciada no meu trabalho e de outros artistas conterrâneos. É uma coisa que respiramos no país. Porto-rico é um território dos Estados Unidos, e há uma aceitação disto. Eu coloco a crítica política na minha produção”, diz.

Mesa-Y

Convidado pelo Goethe-Institut e por Matthias Böttger para participar do projeto “Nós, Brasil!/We, Brazil!” – que vai representar a Alemanha na X Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, em outubro -, Berríos-Negrón criou, para três diferentes cidades brasileiras (Curitiba, Porto Alegre e Salvador) versões da sua Mesa-Y (Y-Table), concebida originalmente em parceria com o coletivo The Anxious Prop.

“Decidimos que a Y-Table precisava quebrar a ideia da linha de montagem, do modo de produção neoliberal, ao romper a dualidade palco/platéia, obra de arte/espectador, fazendo com que o próprio espaço se tornasse um ambiente mais dinâmico para que um terceiro elemento fosse possível”, explica o artista.

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Foto por Patricia Almeida/Weltstadt

Com o mote “um futuro melhor para as cidades”, a terceira mesa foi construída em Salvador, junto com o coletivo Gruna, no Galpão das Oficinas do MAM-BA. Para sorte dos visitantes do museu, o artista cedeu o móvel feito com material de demolição recuperado de massaranduba e ele ficará disponível no espaço para ser usada como ferramenta de ensino e ambiente na programação educativa do museu.

As outras mesas-Y serão levadas para São Paulo a fim de se construir uma derivação que reúne peças desses trabalhos, representando diálogos e vestígios dos workshops realizados em cada cidade. Entretanto, num “lampejo utópico” e gesto crítico, Berríos-Negrón revelou no MAM discute Bienal que pretende “queimar a mesa” durante a bienal paulista:

“A mesa-Y não é um objeto acabado. É uma estação de trabalho personalizada e curatorial, produzida sob demanda para ajudar a criar e contestar perguntas entre seus usuários”.

3ª Bienal da Bahia

Com abertura marcada para o dia 29 de maio do ano que vem, a 3ª Bienal da Bahia contará com 100 dias de exposições e atividades educativas, que vão ocupar diferentes espaços culturais e sociais da capital e do interior do estado. O diretor do MAM-BA, Marcelo Rezende, e diretor geral da Bienal, ressalta que as exposições e atividades educativas estarão não só dos museus de Salvador e nos centros culturais do estado, mas também na Biblioteca Pública do Estado da Bahia, nas universidades e em outros locais expositivos, inclusive residências e espaços menos convencionais.

“O estado da Bahia decidiu recuperar uma história que foi interrompida em 68”, afirma Rezende, que participou da 28ª Bienal de São Paulo, em 2008, na criação da plataforma curatorial 28b. A Bahia espera há 46 anos para realizar uma nova bienal de artes. A primeira edição do evento foi aberta ao público em 1966, no Convento do Carmo. A segunda edição, de 1968, fechou após somente um dia em exibição.

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Foto por Thiago Felix

MAM Discute Bienal

Na primeira temporada do MAM Discute Bienal, ocorrida de maio a agosto deste ano, os participantes debateram ideias e expectativas sobre a Bienal da Bahia. A proposta dessa etapa foi discutir plataformas para a realização do evento de arte, que acontece entre maio e setembro de 2014. Agora, os encontros acontecem mensalmente até o fim do ano e vão ajudar a entender melhor o projeto da Bienal, sua estrutura temática, os processos de montagem e procedimentos necessários para sua realização.

Para Flávio Lopes, coordenador do Colegiado de Artes Visuais da Escola de Belas Artes da UFBA, que participou de todas as edições do projeto, estes eventos são importantes tanto para publicizar as ações do Estado como convocar a população a conhecer e opinar sobre a Bienal. “Estes encontros e debates vão transformar a 3ª Bienal da Bahia em algo mais apropriado para as necessidades do local e, consequentemente, vão tornar o evento mais democrático. A Bahia é um estado de muitas riquezas, que podem, sendo bem aproveitadas, tornam-se potencialidades para o desenvolvimento social”, conta Flávio.